terça-feira, 2 de junho de 2015

Alerta: Diagnósticos errados para TDAH







A escola deu o alerta: Tiago, desatento e agitado em sala de aula, teria TDAH, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Um médico confirmou a suspeita e receitou um remédio controlado, mas a história não acabou por aí. “Ele tomou a medicação por dois anos, e ela não surtiu o efeito que a gente esperava”, conta a mãe de Tiago, Maria Luzia Alves. 

Tiago passou a ter um tique nervoso, e a família suspendeu o tratamento. “O tique diminuiu, mas o rendimento na escola continuou baixo”, lembra Maria Luzia. Novos exames revelaram: Tiago não tem déficit de atenção, mas sim uma deficiência auditiva. 


O neurologista que agora cuida de Tiago diz que a criança que parece ter TDAH muitas vezes não tem distúrbio algum. Segundo ele, o papel da escola é identificar os sintomas e avisar à família, nunca antecipar o diagnóstico. “Às vezes a família já chega com o diagnóstico pra você, dizendo que a criança tem o TDAH. Isso é fornecido pela escola, e na hora em que você vai avaliar, não é o distúrbio”, afirma o Carlos Aucélio. 


A psicóloga Marisa Brito explica que o comportamento na escola fora do padrão, na maioria das vezes, tem outras causas. “Às vezes são causas emocionais, sociais, econômicas, mas está havendo um reducionismo. Hoje, qualquer problema se acha que tem uma causa médica”, critica. 


O diagnóstico do déficit de atenção e hiperatividade, o transtorno mais comum entre crianças e adolescentes, é complexo. Não existe um exame específico que comprove o distúrbio, mas há formas de tornar a identificação mais segura. 


Se há suspeita, o ideal é procurar um neurologista ou um psiquiatra que faça uma entrevista detalhada com a criança e com a família. O médico pode pedir exames para afastar a possibilidade de outros transtornos. 


Profissionais como psicólogos e fonoaudiólogos também devem ajudar no diagnóstico, que, quando é bem feito, pode ser o primeiro passo para mudanças positivas na escola. Se a criança de fato tiver o TDAH, não é o fim do mundo. “Eles podem ter o desenvolvimento acadêmico muito semelhante aos dos alunos ditos ‘normais’, só precisam de acompanhamento”, garante Sérgio Agner, diretor de uma escola. 


Como problemas de audição estão entre os motivos que mais influenciam na dificuldade de aprendizado, os otorrinos recomendam que as crianças façam o exame de audiometria por volta dos 5 ou 6 anos, quando elas começam a ser alfabetizada.




 - Matéria retirada de jornal G1 






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